sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O amor entre homens e cães



INOCÊNCIA, FRAGILIDADE, DEPENDÊNCIA, TERNURA, BRINCADEIRA, PUREZA, SABEDORIA
"Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde é voltar ao Éden, onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz." Milan Kundera
É muito difícil falar sobre amor sem entrar numa área um pouco filosófica. O ser humano há milênios tem uma relação estreita de amizade e fidelidade com os cães. Vou procurar fazer uma pequena análise do amor que o homem sente pelo cão, já que as abordagens sobre o amor que os animais dedicam aos humanos são mais freqüentes. Vamos partir do princípio que, ao nascermos, somos uma folha em branco a ser preenchida pela nossa relação com nossos pais, irmão, amigos, professores, por todos, enfim, que fazem parte da nossa vida.
A sensação que um bebê, que pouco ainda tem de si desenhado nessa folha branca, apresenta diante de um bichinho, um cão, um gato, é positiva em noventa por cento dos casos. Quem já teve a oportunidade de observar com atenção uma cena dessas sabe como o bebê fica feliz, extasiado de ver um animal. São suas primeiras sensações positivas diante de um ser de uma espécie diferente da dele. Mesmo aqueles bebês que manifestam algum sinal de medo do animal, assim que são postos num lugar seguro para dali olharem os cães, sentem um grande prazer em ver os bichinhos pularem, correrem, brincarem. Só esse contato entre um animal e um bebê, que se encontra num estágio de vida muito mais sensorial do que racional, já nos permite perceber quantas afinidades existem entre nós e os cães.
Depois crescemos um pouquinho e aí vem aquela fase em que nossa imaginação fica a mil. Então a boneca é a nossa filhinha, e o amigo imaginário nos obedece, briga conosco, fica de mal como se existisse de verdade, e o nosso cãozinho se transforma no nosso mais querido brinquedo. Podemos colocá-lo de castigo, dizer o que ele pode e o que não pode fazer, somos soberanos em relação a esses inocentes, mas também começamos a amá-los de forma intensa. E enquanto exigimos deles total obediência a nossas tiranias, eles permanecem do nosso lado – com a paciência de um ser iluminado e desenvolvido espiritualmente. Parece que eles entendem o quanto é importante para o desenvolvimento de uma criança ela poder mandar neles, ela poder ser uma pequena ditadora. Para eles não importa, pois sabem que são amados e respeitam a criança sabiamente.
E aí vem a adolescência. Embora ainda muito amados, os cães são deixados um pouco de lado por seu dono adolescente, pois os adolescentes podem tudo, só não podem perder tempo. Quando estão em casa, não param de falar ao telefone. A sorte, para o cão, é que os adolescentes, para isso, se refugiam em seu próprio
quarto, e nessa os cães são experts em entrar sorrateiramente na grande ala que é proibida para os outros integrantes da casa. Está certo que o cão de um adolescente fica esquecido nessa fase da vida do jovem, trocado pelos namoros e pelas paixões passageiras, pelas saídas constantes e por interesses mais consumistas. Mas um cão é paciente e compreensivo. Não importa quanto tempo demore essa fase, ele estará sempre lá, alegre quando seu dono chegar, extremamente feliz quando receber uma carícia mesmo que rápida, sem sentir rancor nem mágoa por não ser mais o centro das atenções de seu jovem dono. Simplesmente porque ele sabe, como nenhum outro ser, amar incondicionalmente.
E então nós nos tornamos adultos. Adultos estressados. Trabalhamos feito loucos, comemos mal, enfrentamos o trânsito. Ah, o trânsito... O que não teria escrito Danthe se vivesse o inferno do trânsito? As contas, as responsabilidades. Trabalhamos incessantemente durante a semana para termos dois dias de descanso, isto é, na verdade um dia, pois aos sábados temos que ir ao supermercado, ao shopping, mandar lavar o carro, nos dedicar aos filhos muito mais. Como conseguimos sobreviver nesse caos? Entre outros motivos, com a ajuda de um ser que é pura INOCÊNCIA, FRAGILIDADE, DEPENDÊNCIA, TERNURA, PUREZA, SABEDORIA: o cão. Características suficientes para amarmos um cão, não?
Mas ainda há mais: as lembranças boas que temos dos nossos cães, adormecidas na infância, nos aquecem o coração. Mesmo aquelas pessoas que não puderam ter um cão na infância voltam a ser um pouco crianças ao verem um bichinho com olhar tão meigo, inocente e frágil como é o olhar de um cão. Impossível não lembrar de uma boneca preferida ou de um ursinho querido.
Nós amamos os cães porque só os animais tão próximos de nós como os cães parecem enxergar a bondade que se esconde em todo ser humano. Qualquer pessoa tem seu lado bom, seja a nossa vizinha mal-encarada que não dá bom-dia pra ninguém, mas que, a gente sabe, trata seu próprio cão a pão-de-ló; seja um homem capaz de matar outro homem, mas incapaz de maltratar seu cão de estimação.
Um cão tem a capacidade de amar o que somos, amar nossa alma. Você pode ser um anão, um deficiente, um hexacampeão de Fórmula 1 (aliás, o Schumacher adotou um vira-lata brasileiro, que encontrou vagando pelo autódromo de Interlagos); se você tiver um cão, pode estar certo: ele amará você. Para um cão, não importa se você é uma freira, uma prostituta, o presidente do país ou um mendigo. Ele também não está interessado na sua profissão, na sua cor, nas suas preferências sexuais, se você é carteiro, bombeiro, médico, lixeiro, entregador de pizza, empresário.
Amamos um cão porque somos amados por ele. Amamos um cão porque muitas vezes conseguimos nos comunicar melhor com eles do que com os humanos que estão ao nosso lado. Amamos um cão porque eles são inocentemente egoístas.
Nos querem só para si, e não escondem seus desejos. O ossinho é só dele, o brinquedo é só dele, a casinha é só dele. E pronto. Simples assim. Tudo é simples em um cão. Até seus defeitos são tão escancarados, são tão descaradamente sinceros, que fica muito difícil não acharmos virtudes neles.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008



"Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio ... era paz."

(Milan Kundera)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O MENINO E O CÃOZINHO


Um menino pergunta o preço dos filhotes à venda.

"Entre 30 e 50 dólares", respondeu o dono da loja.

O menino puxou uns trocados do bolso e disse: "Eu só tenho 2,37 dólares, mas eu posso ver os filhotes?"

O dono da loja sorriu e chamou Lady, que veio correndo, seguida de cinco bolinhas de pêlo. Um dos cachorrinhos vinha mais atrás, mancando de forma visível. Imediatamente o menino apontou aquele cachorrinho e perguntou: "O que é que há com ele?"

O dono da loja explicou que o veterinário tinha examinado e descoberto que ele tinha um problema na junta do quadril, sempre mancaria e andaria devagar.

O menino se animou e disse: "Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!"

O dono da loja respondeu: "Não, você não vai querer comprar esse. Se você realmente quiser ficar com ele, eu lhe dou de presente."

O menino ficou transtornado e, olhando bem na cara do dono da loja, com o seu dedo apontado, disse: "Eu não quero que você o dê para mim. Aquele cachorrinho vale tanto quanto qualquer um dos outros e eu vou pagar tudo. Na verdade, eu lhe dou 2,37 dólares agora e 50 centavos por mês, até completar o preço total."

O dono da loja contestou: "Você não pode querer realmente comprar este cachorrinho. Ele nunca vai poder correr, pular e brincar com você e com os outros cachorrinhos."

Aí, o menino abaixou e puxou a perna esquerda da calça para cima, mostrando a sua perna com um aparelho para andar. Olhou bem para o dono da loja e respondeu: "Bom, eu também não corro muito bem e o cachorrinho vai precisar de alguém que entenda isso."

"Muitas vezes desprezamos as pessoas com as quais convivemos diariamente, simplesmente por causa dos seus "defeitos", quando na verdade, somos tão iguais ou pior do que elas e sabemos que essas pessoas precisam apenas de alguém que as compreendam e as amem não pelo que elas podem fazer, mas pelo que são.

Autoria Desconhecida

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

UM GRANDE AMOR

Stella estava sentada na sala.
Era inverno.
Mas o maior frio que ela sentia vinha de dentro. Da alma.
Jamais ela sentira tanto medo da tempestade, dos ventos gelados e da chuva.
É que agora estava sozinha.
Seu querido David havia morrido há 3 meses.
Ela jamais poderia imaginar que sentiria tanto a sua falta. Desde que o diagnóstico de câncer terminal chegara, ela se preparara para a morte dele. Ele também.
Homem organizado, deixara toda a papelada em ordem.
Dinheiro não lhe faltaria para as necessidades. Ele pensara em tudo.
Mas a ausência dele era terrível.
Ao terceiro toque da campainha, ela se levantou para atender a porta.
Antes, olhou pela janela, um pouco desconfiada. Afinal, havia tantos assaltos.
Era um rapaz com uma caixa grande.
Viu o carro de entregas estacionado em frente ao portão.
Abriu a porta e o ar gélido entrou, tomando conta da sala inteira.
É a senhora Araújo? – perguntou o funcionário.
Ao sinal afirmativo de Stella, ele pediu licença para entrar e colocou a caixa no meio da sala.
Antes que pudesse indagar qualquer coisa, o entregador, jovial, foi explicando:
A senhora nos desculpe.
Era para entregar somente na véspera do Natal. Porém, hoje é o último dia de expediente no canil.
Espero que a senhora não se importe.
Entregou-lhe um envelope, abriu a encomenda e retirou o presente: um filhote de cão Labrador.
A carta explica tudo, continuou o rapaz.
O cão foi comprado em julho, quando a mãe dele estava prenhe.
Ele tem seis semanas de idade e é um cão doméstico.
A senhora espere um pouco que vou buscar o restante da encomenda.
Largou o cãozinho e ele foi se sentar aos pés de Stella, fungando feliz e olhando para ela.
O restante da encomenda era uma caixa enorme de alimentos para cães, uma correia e um livro Como cuidar de seu cão Labrador.
Stella continuava parada, estática.
Acabara de reconhecer no envelope a letra de David.
Quando o entregador se foi, ela andou de volta até a sua poltrona.
Tremia inteira.
O cãozinho ficou ali, olhando-a ainda com seus olhos castanhos, à espera de um afago.
A carta não era longa mas repassada de carinho.
David a escrevera antes de morrer e a deixara com o proprietário do canil.
Era seu último presente de Natal.
Ele havia comprado o animal para lhe fazer companhia.
A carta era cheia de amor e lhe dava ainda conselhos e incentivo para que fosse forte, até o dia em que voltariam a ficar juntos, na espiritualidade.
Ela olhou para o cãozinho e estendeu a mão para o apanhar.
Segurou-o nos braços.
Pensou que fosse pesado, mas tinha o peso e tamanho da almofada do sofá.
O animalzinho de pelos castanhos lhe lambeu o queixo e se aninhou em seu pescoço.
Ela chorou de saudade. Ele ficou ali, quietinho.
Então, criaturinha, aqui estamos você e eu.
O cachorrinho fungou, concordando, pondo sua língua rosada para fora.
Stella sorriu.
Então, vamos para a cozinha fazer uma sopa? Vou lhe dar ração e depois leremos um bom livro, juntos. Que acha?
O cãozinho latiu e abanou a cauda, como se tivesse entendido exatamente o sentido de cada uma das palavras.
E acompanhou Stella até a cozinha.
Na sua imensa sabedoria, Deus criou os animais para auxiliar o homem em suas tarefas, tanto quanto para lhe prover algumas necessidades .
Também para servir de amparo aos que andam sós, aos famintos de afeto.
Tornam-se muitas dessas criaturas, em sua missão de servirem ao homem, excelentes zeladores de vidas humanas.
Ao homem cabe amparar-lhes as vidas e retribuir-lhes com cuidados a atenção e devotamento.
São também eles a manifestação do amor de Deus na Terra.


Redação do Momento Espírita com base no cap. Entrega posterior,de Cathy Miller, do livro Histórias para o coração, de Alice Gray (organizadora), ed. United Press.